segunda-feira, 5 de março de 2012

Ecologia e Sustentabilidade



Helena Novais – mhelenanovais@gmail.com (1)


Entendendo o meio ambiente como um sistema de inter-relações, na qual o homem toma parte inevitavelmente, a partir dos anos 60, ecologistas passaram a chamar a atenção para os impactos causados pela exploração dos recursos naturais, e a defender a preservação dos chamados “santuários ecológicos”.

Ao longo de todo o século XX, o desenvolvimento da sociedade capitalista e os movimentos ecológicos coexistiram e vieram a colidir na década de 1970, quanto pesquisas demonstraram os níveis alarmantes de degradação ambiental e a urgência da adoção de medidas que revertessem este quadro.

A noção de desenvolvimento sustentável surgiu, então, em substituição ao preservacionismo. A tecnologia passou a ser empregada de forma a garantir a inesgotabilidade dos recursos e a reverter os níveis de degradação ambiental. As empresas, então vistas como as grandes vilãs, foram intimadas pela opinião pública a se tornarem parceiras da sociedade na busca por qualidade de vida, ou seja, a se tornarem entidades socioambientalmente responsáveis.

Como resposta, na década de 1980, em âmbito administrativo, ganharam importância as estratégias de marketing voltadas para o aperfeiçoamento da imagem institucional das organizações empresarias. Inseridas em um mercado altamente competitivo, as empresas reconheceram como indispensável aparentar simpatia e adesão às causas sociais.

Assim, comunicação corporativa, programas de marketing social, marketing cultural, marketing verde tornaram-se itens necessários às grande corporações, que buscam atender as orientações legais do aparelho estatal, fidelizar clientes e garantir sua saúde financeira por meio de técnicas de gestão corporativa, tais como balanço social e accountabilly (2) e ética “corporativa”, que alia princípios éticos à ideologia industrial.

Este estado de coisas gerou um paradoxo: a sociedade, ameçada pelas consequências do impacto ambiental, detecta a necessidade de se adotar formas alternativas de vida, o que é defendido pelo discurso corporativo que, no entanto, prega a exploração sustentável dos recursos naturais.

A razão instrumentalizada, aplicada ao domínio da natureza, no âmbito da Administração científica, privilegia a busca por soluções que garantam a manutenção empresarial pela lucratividade. Explicando a dinâmica do discurso corporativo, MARCUSE (1969, p. 18) afirma que “agentes de publicidade moldam o universo da comunicação”. A mensagem corporativa é emitida por discursos que se apresentam privados das “etapas de cognição e validação”. Em outras palavras, a linguagem é empregada de forma “a expressar e a promover a identificação imediata da razão e do fato, da verdade e da verdade estabelecida, da essência e da existência, da coisa e de sua função”.

O encadeamento de signos que perfazem o discurso, a manipulação da interpretação das mensagens decorrente do bloqueio à livre transcendência dos significados das palavras, reduzem a compreensão de conceito como sustentabilidade, responsabilidade e qualidade de vida; os adequa ao jogo de aparências que favorecem a imagem institucional e os interesses empresariais.

Tal comunicação resulta em um tipo de condicionamento social, pois “as palavras e os conceitos tendem a coincidir, ou antes o conceito tende a ser absorvido pela palavra (...) A palavra se torna um clichê e, como tal, governa a palavra e a escrita. Assim, a comunicação evita o desenvolvimento genuíno do significado”(3). (MARCUSE, 1969, p. 93-94)

Desta forma, o conceito de “responsabilidade social” frequentemente surge associado ao conceito de “exploração sustentável do meio ambiente”, como se “exploração sustentável” e “responsabilidade” fossem conceitos universalmente e necessariamente vinculados. O mesmo ocorre com outras associações, tais como “qualidade de vida” e “manutenção da produtividade”; “bem estar individual” e valorização de interesses privados. E não apenas a linguagem, como também as ações corporativas incutem valores que ocultam significados, como ocorre com os programas de marketing social e cultural, que promovem a realização de eventos escolhidos pelas corporações, frequentemente deixando de privilegiar a diversidade, a regionalidade e a espontaneidade popular.

Atualmente, a humanidade vive um momento histórico único. Forçados pelo perigo provocado pelos alarmantes níveis de degradação ambiental, pobres e ricos, capitalistas e socialistas, opressores e oprimidos, são forçados a se reconhecerem reduzidos a uma fragilidade comum diante das forças da natureza, que a ciência não pode submeter.

É possível notar indícios que denunciam a sinceridade de propósitos no sentido de construir formas de vida inclusiva e sustentável (em sentido social ampliado) para um maior número possível de indivíduos. A exemplo de esforços neste sentido, se pode mencionar os questionamentos e os efeitos dos estudos do filósofo Peter Singer (4) e do economista Amartya Sen (5), entre tanto outros teóricos e práticos que buscam quebrar paradigmas, indo além de fórmulas prontas e discursos ideológicos.

Importante pensar, porém, as condições e possibilidades da livre concepção e aplicabilidade de novos modelos, apesar do condicionamento e do empobrecimento intelectual provocados pela linguagem viciada do discurso corporativo e da indústria cultural, tão criticados pelos frankfurtianos. A Filosofia e a educação encontram-se diante de uma necessidade prática renovada que, no entanto, apresenta novas características.

Assim, a ancestral questão da promoção do bem estar social ganha novos contornos e pede novas reflexões sobre as reais necessidades humanas, sobre a adequabilidade da postura empresarial, do sistema econômico e político à demanda social, sobre os meios de superação das amarras que impedem o surgimento de formas plenas e harmoniosas de existir e viver. Trata-se de um desfio que não pode ser encarado isoladamente, mas sim em interação multidisciplinar, em esforço renovado.


Referências Bibliográficas


ADORNO T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração, teoria, processo e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

DONDIS, A. DONDIS. Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

HORKHEIMER, M. Filosofia e Teoria Crítica. In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

HORKHEIMER, M. Teoria Tradicional e Teoria Crítica. In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

MARCUSE, Herbert. A ideologia da Sociedade Industrial: o homem unidimensional. 4 ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973.

YANAZE, Mitsuro Higuchi. Gestão de Marketing: avanços e aplicações. São Paulo: Saraiva, 2007.


Notas


(1) Parciais de trabalho “Responsabilidade Socioambiental como Instrumento de Aperfeiçoamento da Imagem Institucional”, apresentado no XVI Simpósio Multidisciplinar da USJT, em 24.09.2010.

(2) Accountabilly. Transparência administrativa e empresarial baseada na prestação de informações referentes às atividades da empresa. Implica na elaboração de relatórios, folders, audiovisual, entre outros dispositivos, disponibilizados ao público

(3) Marcuse explica que os conceitos são tomados como substantivos necessariamente vinculados às suas funções. O todo é tomado pela parte. A totalidade do conceito (que envolve a causalidade, a universalidade, a necessidade, a não contradição) fica oculto pela relação entre objeto e sua função. Isso ocorre pelo encadeamento, pelo ordenamento, de palavras que ressaltam ou anulam certos significados umas das outras.

(4) Peter Singer. Filósofo. Desenvolveu importantes reflexões no âmbito da Ética. Colocou em questão a responsabilidade das classes mais abastadas pela erradicação da pobreza e estabelecimento de condições de vida digna para todos.

(5) Amartya Sen. Economista indiano, prêmio Nobel de 1998. Desenvolveu estudos sobre o conceito de pobreza, buscando ampliar e diversificar o instrumental analítico, possibilitando uma melhor compreensão de suas causas e efeitos.

O Mito da Caverna



(Texto: Helena Novais — mhelenanovais@gmail.com)

O “Mito da Caverna” é um trecho do Livro VII de A República, de Platão. ARANHA e MARTINS (1997, p. 99) contam que no diálogo apresentado, as falas na primeira pessoa são de Sócrates, e seus interlocutores, Glauco e Adimanto, são irmãos mais novos de Platão. Segundo as autoras,

Platão imagina uma caverna onde estão acorrentados os homens desde a infância, de tal forma que, não podendo se voltar para a entrada, apenas enxergam o fundo da caverna. Aí são projetadas as sombras das coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira. Se um desses homens conseguisse se soltar das correntes para contemplar à luz do dia os verdadeiros objetos, quando regressasse, relatando o que viu aos seus antigos companheiros, esses o tomariam por louco, não acreditando em suas palavras. (ARANHA e MARTINS, 1997, p. 95)

Assim, entende-se que o Mito da Caverna é uma alegoria bastante atual, representativa da realidade cotidiana e do papel que cabe à Filosofia e aos filósofos. CHAUÍ (2004) sintetiza a visão de Platão e explica:

O que é a caverna? O mundo de aparência em que vivemos. Que são as sombras projetadas no fundo? As coisas que percebemos. Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é realidade. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é luz do Sol? A luz da verdade. O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade. Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A Filosofia. (CHAUÍ, 2004, p. 12)

Platão faz referência a dois pontos de vista distintos e estudados pela Filosofia: o epistemológico, relativo ao conhecimento; o político, relativo às relações de poder. ARANHA e MARTINS (1997, p. 95) explicam que, com relação às formas de conhecimentos, Platão distingue o mundo dos fenômenos (sensível) e o mundo das ideias (inteligível). O mundo sensível é acessível aos sentidos que nos apresentam uma falsa ideia da realidade, um mundo de ilusões. Mas, acima do mundo sensível, há o mundo das ideias e das essências, acessível ao homem por meio do aperfeiçoamento intelectual e da contemplação.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ARANHA, Maria L. A. A.; MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1997.

CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2004.

Como e Quando Começa a Filosofia



Helena Novais — mhelenanovais@gmail.com

A vida cotidiana, baseada no senso comum, se desenvolve a partir de crenças e aceitação de ideias estabelecidas que, aprendidas à partir de nosso nascimento, constituem um mundo estruturado por relações de causas e efeitos aparentemente coerentes. Tudo parece estar em seu devido lugar e as explicações comuns parecem ser as mais adequadas e mesmo óbvias. A Filosofia começa quando, ao verificar contradições e incompatibilidades (por vezes sutis) entre realidade, opiniões e crenças, o indivíduo passa a desejar uma compreensão racional de tudo que o cerca, admitindo sua própria ignorância.

Para CHAUÍ (2004, p. 18), “a Filosofia surge quando os seres humanos começam a exigir provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas”. Assim, a Filosofia tem origem em momentos de crise, caracterizados pela desconfiança (quando se assume que ser e parecer, ou seja, verdade e aparência, podem não ser o mesmo), pelo espanto diante das novas possibilidades de entendimento, interpretação e conhecimento, aliados ao reconhecimento do próprio desconhecimento e ao desejo de buscar por respostas à partir de atitude crítica e da reflexão filosófica.

A crise é inerente ao surgimento da Filosofia, se fazendo notar à medida que nasce o pensamento autônomo, liberto das amarras, normas e explicações estabelecidas. Ao questionar as instituições, comportamentos socialmente esperados e crenças socialmente aceitas, surgem conflitos. CHAUÍ (2004, p. 15) destaca:

Cremos que nossa vontade é livre para escolher entre o bem e o mal. Cremos também na necessidade de obedecermos às normas e às regras de nossa sociedade. Que acontece, porém, quando numa situação, nossa vontade nos indica que é bom fazer ou querer algo que nossa sociedade proíbe ou condena? Ou, ao contrário, quando nossa vontade julga que será um mal e uma injustiça querer ou fazer algo que nossa sociedade exige ou obriga?

A relação entre crise e Filosofia, no entanto, se estabelece não apenas devido aos conflitos sociais. A crise pode se estabelecer, também, devido à própria percepção da realidade natural e da situação individual. A autora ressalta:

Temos a crença na liberdade, mas somos dominados pelas regras de nossa sociedade. Temos a experiência do tempo parado ou do tempo ligeiro, mas o relógio não comprova essa experiência. Temos a percepção do Sol e das estrelas em movimento em volta da Terra imóvel, mas a astronomia nos ensina o contrário. (CHAUÍ, 2004, p. 16)

Enquanto processo de busca pelo conhecimento, a Filosofia conduz por caminhos inesperados que, frequentemente, faz ruir conceitos e crenças sobre as quais se desenvolve a vida cotidiana de indivíduos e de sociedades inteiras, levando a questionamentos sem nunca oferecer respostas definitivas e ou absolutas.

Em texto introdutório à sua obra, ARANHA e MARTINS (1997, s/n) afirmam que “a Filosofia oferece condições teóricas para a superação da consciência ingênua”. O processo de pensamento filosófico, no entanto, é inseparável da atitude crítica. As autoras explicam que a superação da consciência ingênua é impulsionada pela crítica, entendida como exame racional que proporciona o discernimento, a avaliação e o exame pormenorizado de uma ideia ou coisa.

Para ARANHA e MARTINS (1997, s/n), é pela atitude crítica que a “experiência vivida é transformada em experiência compreendida, isto é, um saber a respeito dessa experiência”. Por outro lado, discorrendo sobre a atitude filosófica, CHAUÍ (2004, p. 18) afirma que esta é um atitude crítica, pois corresponde aos “significados da noção de crítica, a qual, como se observa, é inseparável da noção de racional”. Assim, Filosofia e crítica são atividades intimamente relacionadas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ARANHA, Maria L. A. A.; MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1997.

BEDIN, Fermino. Metodologia: o caminho da ciência. São Paulo: Edicon, 2007.

CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2004.

Atitude Filosófica e Atitude Crítica



Helena Novais — mhelenanovais@gmail.com

Desde nosso nascimento, tomamos parte em uma realidade culturalmente e socialmente construída. Nos é ensinado como devemos interpretar o que vemos e como reagir diante da realidade, o que devemos sentir e até mesmo como devemos pensar. ARANHA e MARTINS (1997, p. 273) afirmam que “o mundo cultural é um sistema de signos já estabelecidos por outros (...) conforme atendemos ou transgredimos os padrões, os comportamentos somos avaliados como bons ou maus”. O filósofo, no entanto, desconfia da realidade, das normas e das regras, não se acomoda diante do mundo de aparências, almeja conhecer aquilo que não está diante de seus olhos, aquilo que não entende, que não percebe. Diz “não” ao estabelecido, questiona suas causas e sentidos. Procurando por respostas para suas indagações, assume uma atitude racional e crítica diante do mundo.

CHAUÍ (2004, p. 16) explica que “quando o que era objeto de crença aparece como algo contraditório ou problemático e por isso se transforma em indagação ou interrogação, estamos passando da atitude costumeira à atitude filosófica”. Esta autora ressalta que a atitude filosófica tem início quando se começa a questionar sobre a essência e a estrutura da coisas (seres, ideias, valores, acontecimentos, comportamentos, relações, etc.), sobre sua origem e finalidade. Trata-se da busca por um conhecimento exterior ao próprio pensamento.

Alguém que adota a atitude filosófica toma “distância da vida cotidiana e de si mesmo” e passa a “indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência” (CHAUÍ, 2004, p. 17),. Entende-se, portanto, que atitude crítica é aquela adotada pelo indivíduo que questiona a realidade, seus sentidos essenciais e causas, e se propõe refletir, dando início a um processo de conhecimento que acaba por voltar-se para si mesmo, levando-o a cumprir o que dizia o oráculo de Delfos: ‘Conhece a ti mesmo’. Ele começa a se perguntar a razão de seus próprios sentimentos e crenças, o que são estes sentimentos e crenças.

A palavra “crítica” é de origem grega. Entre os sentidos principais destacam-se: capacidade de discernimento e de julgamento correto; capacidade de exame racional com isenção de preconceitos e pré-julgamentos; atividade de exame e avaliação detalhada. BEDIN (2007, p. 37) lembra que a consciência ingênua implica uma “percepção pouco analítica das coisas em que o indivíduo posiciona-se, face aos desafios, com simplicidade, sem se aprofundar nas causas reais geradoras deste ou daquele problema, concluindo, em decorrência, por resultados superficiais e por soluções pouco objetivas”. Este autor entende que o sujeito de consciência ingênua orienta-se antes pela intuição, pela emoção e pouco pela razão. A atitude crítica, ao contrário, realiza-se em um processo racional que envolve a análise do pensamento, a argumentação, o embate de ideias contrárias.

A atitude crítica, portanto, é aquela que submeter crenças estabelecidas à análise de seus significados, sentidos e motivações profundas e essenciais. FREIRE apud BEDIN (2007, p. 37) defende que é própria da consciência ingênua “a aceitação das formas gregárias e massificadoras de comportamento; fragilidade na discussão dos problemas; forte conteúdo emocional com prejuízo da criticidade; tendências ao fanatismo e ao sectarismo; postura de fé nas compressões mágicas”.

Baseada na reflexão racional, a atitude crítica é inerente à atitude filosófica. Ao questionar a realidade, o filósofo está estabelecendo uma crítica a seu objeto de reflexão e àquilo que o envolve. ARANHA e MARTINS (1997, p. 74-75), fazendo referência ao pensamento do Professor Demerval Saviani, afirmam que “o filósofo deve dispor de um método claramente explicitado a fim de proceder com rigor, garantindo a coerência e o exercício da crítica”.

Refletir vem do latim reflectere e significa “fazer retroceder”, “voltar atrás” (ARANHA e MARTINS, 1997, p. 74). Em um processo de busca por respostas aos questionamentos levantados pelo filósofo, o pensamento, examina o que é pensado por ele e volta-se sobre si mesmo. CHAUÍ (2004, p. 20) explica este ciclo e define reflexão filosófica ao afirmar que esta é o estado de “concentração mental em que o pensamento volta-se para si próprio para examinar, compreender e avaliar suas ideias, suas vontades, seus desejos e sentimentos”. De acordo com explicações da autora, é característica da reflexão filosófica indagar “Por quê?”, “O quê?” e “Para quê?”.

Ao buscar respostas, o pensamento, fazendo uso dos códigos de linguagem, analisa valores e ações, ideias e sentidos, seres e estruturas, comportamentos e relações, entre outros fatores, em busca das essências. CHAUÍ (2004, p. 21) esclarece que a reflexão filosófica é sistemática, isto é, “trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca encadeamentos lógicos entre os enunciados, opera com conceitos ou ideias obtidas por procedimentos de demonstração e prova, exige a fundamentação racional do que é enunciado e pensado”. Desta forma, a reflexão filosófica pode levar a uma visão crítica dos elementos que compõem nossa realidade cotidiana.


Referências Bibliográficas

ARANHA, Maria L. A. A.; MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1997.

BEDIN, Fermino. Metodologia: o caminho da ciência. São Paulo: Edicon, 2007.

CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2004.

Filosofia, o Conceito


Helena Novais — mhelenanovais@gmail.com

Na sociedade atual é tido como útil aquilo que serve a algum fim imediato. CHAUÍ (2004, p. 18), respondendo a questão “O que é Filosofia?”, afirma que esta é “a decisão de não aceitar como naturais, óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-las sem antes havê-las investigado e compreendido”.

Daí se deduz que a Filosofia é, antes de qualquer coisa, uma atitude que norteia um modo de vida baseada no não conformismos frente às explicações estabelecidas. Sua utilidade não é imediata, mas seus efeitos surgem em consequência das reflexões que causa e das transformações que engendra em indivíduos e sociedade, por vezes lentamente. ARANHA e MARTINS (1997, p. 75) lembram que a Filosofia

(...) dá o distanciamento para a avaliação dos fundamentos dos atos humanos e dos fins a que eles se destinam; reúne o pensamento fragmentado da ciência e o reconstrói na sua unidade; retoma a ação pulverizada no tempo e procura compreendê-la. Portanto, a Filosofia é possibilidade de transcendência humana, ou seja, a capacidade que só o homem tem de superar a situação dada e não escolhida. Pela transcendência, o homem surge como ser de projeto, capaz de liberdade e de construir o seu destino.

Embora sejam muitos os conceitos possíveis de acordo com pontos de vista diversos, entende-se que a Filosofia é a atitude de questionar a realidade, investigar e interpretar o significado das ideias gerais e do próprio pensamento, analisando as “condições e princípios do saber e da ação, isto é dos conhecimentos, da ciência, da religião, da arte, da moral, da política e da história” por processos crítico-racionais (CHAUÍ, 2004, p. 23).

A Filosofia, portanto, é uma atividade do pensamento que contempla a análise, a reflexão e a crítica. Sua utilidade está em proporcionar o auto-conhecimento e a transformação do ser pensante, o abandono do pensamento ingênuo e do preconceito, a conscientização para o sentido da arte, da política, da religião, da moral, das ciências.


Referências Bibliográficas

ARANHA, Maria L. A. A.; MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1997.

BEDIN, Fermino. Metodologia: o caminho da ciência. São Paulo: Edicon, 2007.

CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2004.

Luzes e Sombras na Aurora dos Tempos



Helena Novais — mhelenanovais@gmail.com


Deixemos com sua piedade aqueles que querem que se guarde viva e intacta a herança da Aufklärung. Esta piedade é claramente a mais forte das traições.” (M. Foucault)

Questão que permeia as considerações da Filosofia da História, é a noção de teleologia. Palavra derivada do grego télos, teleologia designa o estudo das finalidades e a doutrina filosófica que considera o mundo como um sistema de relações entre meios e fins. Kant denuncia sua orientação teleológica ao tomar o homem como um ser que se encaminha em direção ao melhor, em outras palavras, considera que a história se revela como uma sequência de tempos cronológicos em que a humanidade caminha no sentido de atingir sua finalidade última: o progresso moral refletido na ordem social.

Em conferência ministrada no Collége de France, em janeiro de 1983, Foucault se propôs a apresentar a gênese de seu próprio trabalho e de seus esforços para a construção de uma forma de compreensão da história e dos fatos que compõe a atualidade. Para tanto, discorre sobre o pensamento de Kant, expresso nos artigos Resposta à questão: O que é Iluminismo, Estará o Gênero Humano em Contínuo Progresso em Direção ao Melhor? e O Que é Revolução. Foucault chama a atenção para a Aufklärung [Esclarecimento] entendida não como fato histórico isolado e sim, segundo ele, como um “progresso permanente que se manifesta na história da razão, no desenvolvimento e instauração de formas de racionalidade e de técnica”.

Declarando-se um seguidor da tradição filosófica delineada por Hegel, por Nietzsche, por Max Weber e, mais recentemente, pelos teóricos da Escola de Frankfurt, Foucault vê em Kant a origem das reflexões filosóficas que tomam como objeto elementos inseridos no tempo presente. Imerso no Século das Luzes, foi Kant quem chamou a Aufklärung [Esclarecimento] a analisar a si mesma e a conceituou como “a saída do homem de sua minoridade auto-imposta”. Livre para dispor de seu próprio entendimento, o homem, segundo Kant, deve superar a indecisão e a falta de coragem, libertar-se dos dogmas, das fórmulas estabelecidas e, tal como Platão representou no Mito da Caverna, deixar um mundo de sombras, de aparências, para conquistar seu lugar como pensador autônomo que se aventura no universo das ideias essenciais.

Foucault se aprofunda na teleologia kantiana ao comentar a análise apresentada em Estará o Gênero Humano em Contínuo Progresso em Direção ao Melhor?. Procurando um objeto que seja causa concretizadora do progresso humano verificável, Kant detecta na revolução um forte indício. Foucault explica que não se trata da revolução em si, pois esta não faz mais do que substituir uma ordem estabelecida por outra similar, mas sim do que denuncia o entusiasmo que move um povo à revolução.

Este entusiasmo é verificável em todas as épocas, passado e presente, assim como voltará a reclamar seu lugar no futuro, pois é força motriz que recusa o conformismo e cristaliza conflitos que impulsionam os Estados nacionais em direção à justiça e à garantia dos direitos naturais dos homens. A revolução, nas palavras de Kant, é signo da “disposição da qual a humanidade é portadora”.

Mas a revolução não é o único signo possível a essa disposição, a esse entusiasmo. Na Grécia antiga, em meio aos mitos e superstições, surgiram homens que desafiaram o senso comum e os dogmas estabelecidos, questionando sobre a verdadeira origem das coisas e as leis da natureza. Fazendo uso do pensamento racional, ergueram os pilares que servem de sustentação à civilização ocidental. O pensamento racional que os gregos sistematizaram, possibilitou o nascimento e desenvolvimento da ciência em seus vários segmentos, além de sedimentar as bases da moral e da política. A própria Filosofia, portanto, no que ela encerra de busca pela satisfação humana através do conhecimento, é um signo da disposição e do entusiasmo da humanidade para caminhar em direção ao melhor. É, porém, um signo não massificado, que só lentamente atinge um número maior de adeptos.

Outro signo possível é o desenvolvimento tecnológico que, embora atrelado aos meios de produção, não deixa de denunciar a disposição e entusiasmo de alguns homens pela racionalidade e pelo conhecimento técnico que beneficia a humanidade. Mas o desenvolvimento tecnológico é um símbolo problemático.

Nicolau Sevcenko, em A Corrida Para o Século XXI, chama a atenção para a crise que caracteriza a atualidade: a crise tecnológica. Abordando o desenvolvimento tecnológico que ganhou destaque a partir do século XVI, Sevcenko se detém na transição do século XX para o XXI. Trata-se de período profundamente marcado pela informática, pela vertiginosa velocidade em que se chocam a redução dos tempos de transmissão das mensagens e a noção de superação das distâncias geográficas, disseminando entre os homens um estado “apatetado e conformista” que ameaça as instituições e a sobrevivência dos valores humanos.

Desnecessário dizer que o torpor que envolve a todos, frente às inovações das tecnologias da informação, caracteriza o desenvolvimento tecnológico como signo de duas dimensões: por um lado impulsiona, por outro aprisiona no universo do senso comum e das ideias prontas, agora eletronicamente processadas. Sobre o processo histórico das luzes projetam-se as sombras do pensamento formatado, do irrefletido como reflexo de vazio existencial. É um “signo em duas dimensões”, também, pela projeção da técnica e pelo que trás em si como possibilidade de racionalidade.

Ao procurar alertar seus leitores para a necessidade de despertar do sono letárgico provocado pelas tecnologias modernas, Sevcenko afirma: “uma coisa que a técnica não pode fazer é abolir a crítica, pela simples razão de que precisa dela para descortinar novos horizontes”. O sentido tecnológico tem como premissa básica justamente o “descortinar novos horizontes” em processo contínuo, o que torna possível a busca incessante pelo esclarecimento, presente, mesmo que discretamente, em todas as épocas.

Para Sevcenko, neste momento histórico, garantir o progresso em direção ao melhor implica submeter o desenvolvimento tecnológico à crítica, seguindo o exemplo do que fez Kant com a Aufklärung, no momento mesmo em que ela se tornava a característica máxima de uma época. Para tanto, conforme Sevcenko, é preciso conquistar um distanciamento que favoreça o discernimento crítico; recuperar o tempo histórico da própria sociedade, visualizando seu contexto geral; sondar o futuro com perspectiva histórica, de forma a identificar como a técnica pode vir a favorecer a racionalidade orientada no sentido dos valores humanos.

Como declara Kant, “o verdadeiro entusiasmo refere-se sempre apenas ao ideal e, claro está, puramente moral”. Assim, o mal, mesmo que travestido de bem, é um estágio a ser racionalizado e superado.

O que há de comum entre os pensadores aqui mencionados ­– além de pertencerem à tradição filosófica que fundamenta as bases da civilização ocidental –, é a preocupação com os fatos que permeiam o tempo histórico em que estão inseridas suas próprias existências. Foi com esta proposta que Foucault se lançou a um “pensamento crítico que toma a forma de uma ontologia de nós mesmos, de uma ontologia da atualidade”. Ele tem em Sevcenko um correspondente que convoca para a mesma linha de reflexão. Ambos se posicionam em sentido oposto aos traidores da Aufklärung, contrários àqueles que em nome do saudosismo histórico ignoram a necessidade de diagnósticos do nosso tempo em detrimento do ideal humano de construção infinita em direção ao melhor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOUCAULT, Michel. O que é o Iluminismo? Tradução de Walderson Flor do Nascimento. Magazine Litteráire. Paris: Collége de France, n. 207, pp. 35-39, maio, 1984.

KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: que é Ilustração? Disponível na Internet em <http://www.estef.edu.br/pessoais/arquivos/estef_pessoal_06_08_2005_17_05_15_Resposta%20a%20pergunta.doc>. Acessado em 10.04.2009.

KANT, Immanuel. O Conflito das Faculdades. Lisboa: Edições 70, 1993, pp. 95-112.

SEVCENKO, Nicolau. A Corrida para o Século XXI: no loop da montanha- russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

Esclarecimento


Helena Novais — mhelenanovais@gmail.com

O século XVIII é lembrado como uma época de grandes transformações. Em meio a um cenário turbulento, marcado por convulsões sociais, políticas, religiosa e inovações tecnológicas, a intelectualidade burguesa reuniu-se em um movimento que ficou conhecido como Ilustração.

Os pensadores da época viam na razão e no livre debate de ideias o caminho para o esclarecimento que, por sua vez, levaria ao progresso da humanidade. Refutavam, portanto, todas as formas de autoritarismo e obscurantismo que contribuíssem para manter os homens na menoridade intelectual, entendida como “inabilidade de usar seu próprio entendimento sem qualquer guia” (KANT, 2009, Online).

No entanto, o desenvolvimento do Iluminismo esbarra na religião e na política, pois estas rechaçam a crítica que é o fundamento básico de todo o movimento iluminista. Neste momento histórico, o conhecimento procura desvincular-se da intervenção da igreja, que com seus dogmas mantinha a humanidade na ignorância, e do controle estatal, que estabelecia as condições necessárias à manutenção das elites no poder. O homem deveria deixar a menoridade intelectual, e, libertando-se da tutela da religião e da política, assumir a responsabilidade por sua própria existência.

Nossa época é propriamente a época da crítica, à qual tudo tem de submeter-se. A religião por sua santidade, a legislação por sua majestade, querem comumente esquivar-se a ela. Mas desse modo suscitam justa suspeita contra si e não podem ter pretensões àquele respeito sem disfarce que a razão somente outorga àquilo que foi capaz de sustentar seu exame livre e público. (TORRES FILHO, 1987, p. 84)

Kant enfatiza o caráter ético do esforço de ilustrar. As atitudes autoritárias eram vistas como preconceitos inibidores do livre exercício da razão que cabe, por direito a todos os homens.

Embora a França tenha sido o principal foco do pensamento ilustrado, o movimento também tornou-se significativo na Inglaterra e na Alemanha (cuja unidade política encontrava-se em formação). ABRÃO (2008, p. 140) conta que em Berlim, então capital da Prússia, reinava Frederico II, um monarca esclarecido que, amigo de Voltaire e outros intelectuais franceses de vulto, decidiu fundar na cidade uma Academia de Ciências, nos moldes da que então existia em Paris. Assim, Frederico II favoreceu a formação de um ambiente intelectual onde floresceram ideias sobre Matemática e Física, Geografia e Economia, onde eram lidas obras de Filosofia e discutidos conceitos relativos à estética e à arte.

Em Berlim circulava o Mensário Berlinense (Berlinicher Monatschrift), publicação do círculo de intelectuais membros da Sociedade dos Amigos da Ilustração (Sociedade das Quartas-Feiras), fundada por Johann Erick Biester. Este é o autor de um primeiro artigo que deu início ao debate ao qual Kant respondeu com seu texto Resposta à pergunta: que é a Ilustração?. (TORRES FILHO, 1987).

Em 1785, Biester publicou Proposta de Não Mais dar Trabalho aos Eclesiásticos na Consumação do Matrimônio. Nele afirma que para ilustrados são desnecessárias as cerimônias religiosas. Em resposta, Johann Friedrich Zöllner fez publicar, no mesmo Mensário Berlinense, seu artigo Será aconselhável não mais sancionar o vínculo matrimonial pela religião?. Zöllner argumenta que “não é pudente desvalorizar a religião em todos os assuntos profanos e, desse modo, ‘sob o nome de Ilustração, confundir as cabeças e o coração dos homens’”. (ZÖLLNER apud TORRES FILHO, 1987, p. 88).

Para Zöllner, é preciso ilustrar, mas sem tomar a Ilustração como pretexto para estabelecer a anarquia, não colocando a perder as conquistas da própria Ilustração (TORRES FILHO, 1987, p. 88). Em outras palavras, Zöllner coloca em questão a Ilustração, pergunta sobre o que ela seria e quais seus limites, convoca os ilustradores a investigá-la. Assim, o esclarecimento volta-se sobre si mesmo, em um momento de auto-análise.

Em seu artigo, Kant responde as questões levantadas por Zöllner, tomando a Ilustração como objeto de reflexão. Seu texto começa por apresentar uma definição formal do conceito de Ilustração: “Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade auto-imposta” (KANT,2009, Online). O filósofo defende o pensamento não tutelado, o uso livre da razão. Kant procura demonstrar sob quais condições e dentro de que limites a Ilustração se justifica.

Por outro lado, TORRES FILHO (1987) faz uma análise do ensaio de Kant considerado outros escritos desse filósofo, como Prolegômenos de Toda Metafísica Futura, Crítica do Juízo, Crítica da Razão Prática e especialmente A Crítica da Razão Pura. Estabelecendo relações entre métodos de formulações de conceitos feitas pelo filósofo, explica que Kant procurou uma definição-guia, ou seja uma definição transcendental que guiasse sua análise, pois ela deveria se aplicar a todas as situações e circunstâncias (históricas, geográficas, etc.). Em outras palavras, independentemente da Ilustração ocorrer ou não é preciso que o conceito continue válido.

Para ele TORRES FILHO (1987), o texto de Kant se desenvolve em uma sequência que responde a três perguntas:

1. O que é a Ilustração?
Parte introdutória e conceitualmente analítica. Conduz da definição de Ilustração até a afirmação de que seu único requisito é a liberdade.
2. Qual restrição da liberdade é obstáculo à Ilustração?
Trata-se da parte que serve de eixo à argumentação e é dirigido no sentido de responder a questão levantada por Zöllner (Quais os limites da Ilustração?).
3. Vivemos agora numa época Ilustrada?
Remete à afirmação de Biester, “para ilustrados não são necessárias essas cerimônias”. Kant refuta: “será que podemos considerarmo-nos ilustrados?”. E responde: “não, mas vivemos em uma época ilustrada”.

Kant acreditava que havia um campo aberto para que se trabalhasse para chegar a uma época ilustrada, pois diminuíam as restrições à liberdade. Na Prússia o esclarecimento era representado por um monarca Ilustrado, Frederico II, que não via perigo em permitir que seus súditos fizessem uso público de sua razão e publicassem suas críticas às leis básicas existentes, pois garantia a ordem estatal por força da ordem estabelecida nos espaços privados.

O esclarecimento, segundo Kant, estaria garantido pelo obediência a que se devia atender nos espaços privados e pelo livre uso da razão e divulgação de ideias nos espaços públicos. Assim, a sobrevivência do Estado não estaria ameaçada e nem a liberdade, condição primeira do esclarecimento.
 

Referências Bibliográficas

ABRÃO, Bernadete Siqueira et al. Enciclopédia do Estudante: história da Filosofia, da antiguidade aos Pensadores do Século XXI. São Paulo: Moderna, 2008.

HOFFE, Otfried. Immanuel Kant. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: que é Ilustração? Disponível na Internet em <http://www.estef.edu.br/pessoais/arquivos/estef_pessoal_06_08_2005_17_05_15_Resposta%20a%20pergunta.doc>. Acessado em 10.04.2009.

TORRES FILHO, Rubens Rodrigues. Ensaios de Filosofia Ilustrada. São Paulo: Brasiliense, 1987, pp. 84-101.

Immanuel Kant

 
Helena Novais — mhelenanovais@gmail.com

Immanuel Kant (1724–1804) nasceu e viveu toda sua vida na cidade de Königsberg, na Prússia. Iniciou sua carreira de conferencista em 1755, na Universidade de Königsberg. Após 15 anos nesta mesma função, (período em que teve sua candidatura a um cargo de professor recusada por duas vezes), foi nomeado professor de Lógica e Metafísica.

Conforme DURANT (1996, p. 253), nos primeiros anos os interesses de Kant “eram mais físicos do que metafísicos”. Este autor conta que Kant escreveu “sobre planetas, terremotos, fogo, vento, éter, vulcões, geografia, etnologia, e uma centena de outras coisas desse tipo, que em geral não são confundidas com metafísica”.

Mas foi sobre influência do empirismo de David Hume e do racionalismo de Gottfried Wilhelm Leibniz e de Christian Wollf que Kant escreveu suas maiores obras. A primeira delas foi A Crítica da Razão Pura (1781) obra em que “analisa o procedimento racional e marca os limites que a razão, por sua própria natureza, não pode ultrapassar” (ABRÃO et al., 2008, p. 143). Em Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785) e na Crítica da Razão Prática (1788) discorre sobre a ética. Em Crítica do Juízo (1790) Kant faz a síntese entre razão, teoria e prática.

Entre seus principais textos, destacam-se, ainda, Sonhos de um Visionário (1770) e Religião nos Limites da Simples Razão (1793). Resposta à pergunta: que é Ilustração? marca o momento em que Kant passa a analisar acontecimentos de sua própria época.


Referências Bibliográficas

ABRÃO, Bernadete Siqueira et al. Enciclopédia do Estudante: história da Filosofia, da antiguidade aos Pensadores do Século XXI. São Paulo: Moderna, 2008.

HOFFE, Otfried. Immanuel Kant. São Paulo: Martins Fontes, 2005.